domingo, 1 de maio de 2011

O TEMPO DO 1º DE MAIO

“(...) o tempo vai levando tudo embora.”

        “O tempo é a resposta pra tudo!” Já dizem os mais experientes! Esse jargão sempre faz sentindo, principalmente, quando o tempo é dado para que esqueçamos algo. Aqui em especial refiro-me as lutas. As lutas do povo!
         Com o passar desse tão importante companheiro, que a depender da situação, pode ser bom, ou ruim, conseguimos visualizar as situações de diferentes prismas. E, às vezes, nos equivocamos.
         Tem sido assim desde que o mundo é mundo. Esquecemos dos fatos, das violências urbanas e campesinas, das tragédias, dos massacres, e principalmente das lutas. O tempo! Ah, o tempo! Ele nos faz esquecer, esquecer de nossas raízes, de nossas derrotas e até mesmo de nossas conquistas.
         Hoje vivemos um exemplo típico disso. Anos atrás, em 1886, ocorreu em Chicago, principal centro industrial dos EUA na época, uma verdadeira luta, que ficou conhecida com o “A revolta de Haymarket”. A luta pelos direitos trabalhistas que começou com uma intensa greve operária e culminou com uma dura repressão o movimento, ocasionando mortos, feridos e presos no confronto entre operários e polícia local.
         Nesse 1º de maio de 1886, trabalhadores cansados de tantos “desencontros” no seu dia-a-dia, lutavam pelo fim das condições desumanas de trabalho e pela redução da então carga horária de 13 horas diárias, para 8hs diárias. Três anos depois desse sangrento movimento popular, foi instituído em Paris, o dia mundial do trabalho/trabalhador, como alusão a luta operária. No Brasil, foi apenas em 1924 que a data foi reconhecida e consolidada, no então governo de Artur Bernardes.
         Podemos perceber diante do exposto, a (pouquíssima) importância data pelo governo brasileiro aos lutadores e trabalhadores desse nosso Brasil “Varonil”. Ou seja, passados 38 anos do movimento, e, diga-se de passagem, só depois de 38 imensos anos é que nesse nosso heroico país, a luta por condições melhores de trabalho foi reconhecida.
         É deveras importante ressaltar que a luta, apenas, foi reconhecida, mas não de fato aceita, pois em tempos atuais, em que dizem que a escravidão acabou ainda podemos ver, ouvir e ler (em jornais e revistas) pessoas/cidadãos vivendo em condições desumanas de trabalho, como é o caso dos trabalhadores dos canaviais brasileiros, que perdem sua vida e sua alma diariamente, tendo que cortar 15 toneladas de Cana de açúcar por dia, para no final do mês receber míseros R$ 800,00.
         Ééé meus caros amigos, ai está o tempo, aquele mesmo tempo citado no início desse humilde texto. Em dias atuais, tristemente percebemos o que foi feito do nosso 1º de maio. Festas, comemorações, horas intermináveis no sofá, são as principais opções da maioria de nossos trabalhadores hoje. Esqueceram o que foi a luta em 1886, e neste caso, o tempo não foi algo tão bom assim.
         Esqueceram que se não fossem aqueles trabalhadores, lá em 1886, lutando com unhas e dentes, talvez nada tivesse acontecido de tão importante que nos fizessem ter condições melhores (do que era antes da Revolta de Haymarket), porém não satisfatórias de trabalho hoje.
         E agora eu me pergunto, num país em que o salário mínimo dos trabalhadores é de míseros R$ 545,00, e que o 1º de maio é “lembrado” nos festas oferecidas por empresas e instituições para proporcionar um “dia de lazer” aos seus funcionários, será possível encontrarmos pessoas em números consideráveis e dispostas o suficiente, para lutar contra essa política do Pão e Circo?
         Não nos custa refletir, não nos custa relembrar, as memórias estão dispostas a todos, basta querermos conhece-las. O que não dá é continuarmos aceitando que o primeiro de maio seja apenas um dia de descanso, e não UM DIA DE LUTO E LUTA DE QUEM PRODUZ A RIQUEZA DE NOSSA SOCIEDADE.
         Não nos deixemos enganar pelo tempo, utilizemos esse companheiro para lutarmos cada vez mais e por melhores condições trabalhistas. Pois, LUTAREMOS SEMPRE...